Sunday, October 30, 2005












Regresso da Inhaca (eu, Tomané e Mané) já com os impermeáveis vestidos Posted by Picasa















Inhaca - o tal almoço de uns divinais "caranguejos" no "LUCAS" Posted by Picasa












Mané na Ilha dos Portugueses Posted by Picasa












Tomané, eu e o Mané no barco que nos levou para a Inhaca Posted by Picasa

REGRESSO A MOÇAMBIQUE
12.º dia - 30 de Outubro – INHACA

Confirmado que o dia amanheceu com bom tempo, sem chuva e muito sol, dirigimo-nos manhã cedo para o cais de ligação Maputo/Catembe, a fim de apanharmos o barco para a Inhaca.
Primeiro, uma paragem na Ilha dos Portugueses (assim chamada porque terá sido aqui que Gama aportou há 500 anos atrás e onde os navegadores portugueses instituíram no século XVIII um posto de comércio de marfim), totalmente desabitada, provavelmente pela falta de água doce, esta pequena ilha a escassas centenas de metros da Inhaca, é um refúgio perfeito para uma “desintoxicação” da vida urbana e por isso muito visitada pelos turistas e citadinos de Maputo: a calma é total e o silêncio apenas quebrado pelo sereno esvoaçar das aves ou pelo repousante e envolvente bater das ondas na areia da praia. Foi aí que tomamos os primeiros e únicos banhos da nossa viagem, mergulhando nas límpidas e calmas (nesta zona) águas do Índico, tendo de seguida caminhado calmamente um pouco para o interior em direcção a uma lagoa (de água salgada) que no período de maré alta é ideal para nadar tranquilamente (o que não era o caso neste dia). O único problema desta ilha é a ausência de zonas de sombra, com os quilómetros de dunas completamente expostos ao abrasador sol africano, com mato denso e povoado de insectos e pequenos répteis, não consistindo uma alternativa viável para se ficar muito tempo, que não seja o necessário para tomar uns bons banhos.
Retomamos ao barco, para escassos minutos depois, desembarcamos na Inhaca junto ao cais de atracagem dos barcos que efectuam a ligação a Maputo, fazendo uma pequena caminhada praia dentro até terra firme, junto ao “Inhaca Pestana Resort”.
Esta pequena ilha situa-se na extremidade da barreira natural entre o Oceano Índico e a Baía de Maputo, quase tocando a península de Machangulo, e apesar das suas reduzidas dimensões oferece uma diversidade que vai dos pântanos situados entre as dunas e que constituem uma preciosa fonte de água doce, densa vegetação onde pontificam diversas espécies de aves e pássaros e o mar abundante em peixe, marisco e crustáceos. Os primeiros habitantes foram durante muito tempo liderados por régulos da dinastia Nhaca, daí o nome dado à ilha, contando a lenda que os primeiros povoadores teriam abordado a ilha a partir de uma jangada à deriva no mar, jangada proveniente do Norte arrastada por correntes devido a cheias no continente... pelo que ainda hoje todos os mortos são enterrados na ilha com a cabeça virada para Norte: “de onde todos nós viemos”.
Depois deste breve “intermezo histórico”, o retomar do relato do nosso dia na ilha, que principiou por entre uns mergulhos na magnífica piscina do “resort” e o tomar de umas bebidas refrescantes e aproximando-se a hora do almoço fizemos uma longa caminhada a pé, pelo interior da ilha, até ao “Lucas”, um pequeno e rústico restaurante todo feito em colmo, com cadeiras e mesas de plástico, mas onde degustamos os melhores “caranguejos” de que há memória, seguido de umas magníficas postas de serra grelhado, tudo acompanhado de umas geladíssimas cervejas “laurentinas” - um autêntico manjar de deuses !
Após este esplêndido almoço, o retomar ao Pestana Resort, onde debaixo das palmeiras e nas espreguiçadeiras da piscina acabamos fazer uma sesta africana, aguardando a hora de regresso a Maputo. A viagem de volta foi uma verdadeira aventura, pois o mar estava agora muito batido, e o barco ao cortar as ondas, fazia com que estas invadissem interior do mesmo, quase como se estivesse a chover, obrigando-nos a vestir os impermeáveis, mas lá chegamos já de noite, e sem sobressaltos de maior ao cais do Clube Naval.
Foi um dia extremamente bem passado na Inhaca que, sendo embora uma pálida amostra daquilo que Moçambique dispõe em termos de praias, o ambiente que oferece associado à proximidade da capital Maputo (1 hora de barco ou 15 minutos apenas de avião) transforma-a num refúgio perfeito para passar um fim de semana ou um curto período de férias.


Saturday, October 29, 2005

REGRESSO A MOÇAMBIQUE
11.º dia - 29 de Outubro - MAPUTO

O dia amanheceu chuvoso, tendo ficado assim sem efeito a nossa deslocação à Inhaca.
Optamos por descansar até mais tarde, tomamos um lauto pequeno-almoço preparado com todo o requinte pelo Pedro, e depois dar uma volta pela cidade, primeiro até à zona do mercado do peixe na marginal, a fim de o Pedro verificar se o Cahota tinha saído para o mar à pesca (o Cahota é um jovem moçambicano com quem o Pedro tem uma original sociedade, que é de possuírem em comum um barco onde o primeiro suporta as despesas e disfruta apenas do prazer da pesca, e o segundo obtem na totalidade os lucros da venda do peixe pescado como forma de sustento da sua jovem mulher e filho recém-nascido, demonstrativo do que já disse anteriormente sobre o Pedro que é o da sua espantosa capacidade de ajuda, vivência e relacionamento com os moçambicanos mais desfavorecidos), depois até à Costa do Sol e às Mahotas, e no regresso um deambular pelo centro da cidade, para umas pequenas compras, nos centros comerciais ( no da Av. 24 de Julho, antiga Interfranca, e no mais recente Polana Shoping), mas como o tempo se mantinha chuvoso e nada convidativo a grandes passeios, voltamos para casa, almoçamos aí e fizemos todos de seguida uma longa “sesta africana” que tão bem nos soube após vividos e fatigantes últimos dias.
À noite um jantar mais dilatado na excelente cervejaria “Escorpião” (propriedade deum português, como aliás a maioria dos melhores restaurantes da cidade) no interior do recinto da FACIM, e o regresso a casa, na expectativa da melhoria do tempo que nos permitisse ir, no domingo, de barco à Inhaca.


Friday, October 28, 2005














Colégio Nossa Senhora da Conceição - zona interior do páteo, em evidente estado de degradação Posted by Picasa














Eu e o meu irmão Tomané junto à outra nossa vivenda (geminada) em Vila Pery. Posted by Picasa




















Eu e o meu irmão junto ao emblema na sede do Sports Clube de Chimoio (o emblema é o mesmo do Sports Clube de Vila Pery, apenas com a substituição das letras V.P. pela letra C. - se bem repararem a fundação do clube data de 1928, as espigas de milho eram o símbolo do clube dos agricultores da região e os anéis olímpicos as diferentes modalidades nele praticadas)
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Eu diante da sede do Sports Clube de Vila Pery (agora do Chimoio) onde joguei futebol na equipa de júniores. Posted by Picasa














O Tomané e Mané junto à entrada de uma das nossas vivendas em Vila Pery. Posted by Picasa

REGRESSO A MOÇAMBIQUE
10.º dia - 28 de Outubro - CHIMOIO/MAPUTO

O último dia antes da nossa estada no Chimoio (ex- Vila Pery) que aproveitamos para dar uma volta pela cidade revisitando os lugares de outrora, as nossas casas da cidade, Grémio, Emporium (do nosso primo Luciano), Hospital (onde nasceu o Mané), Sports Clube de Vila Pery, agora repatizado de Chimoio (clube onde joguei pela equipa de júniores no então campeonato da Associação Distrital de Futebol de Manica e Sofala), Colégio Nossa Senhora da Conceição, o colégio das freiras onde estudamos, enfim por todos os lugares que nos diziam alguma coisa, tirando fotografias, filmando, recordando.
Como regressavamos a meio da tarde a Maputo, dirigimo-nos ao restaurante da Palhota do “Chica Teco” para o último almoço no Chimoio (como sempre comemos optimamente) e findo este e as despedidas do Sr. Santos , fomos para o Aeroporto, onde contando uma vez mais com o apoio do Eng.º Narciso de Oliveira e do Ilídio Gonçalves no despacho das bagagens e dos tramites habituais, embarcamos no Jetstreamer da LAM com destino ao Maputo, com a certeza de termos acabado de viver alguns dos momentos mais significativos das nossas vidas !
A viagem para Maputo - mais uma vez com escala em Vilanculos onde embarcaram os mesmos “turistas portugueses” do Bazaruto que aí tinham ficado na 2.ª feira anterior, com um bronzeado de apenas 4 dias, de fazer inveja a qualquer turista com um mês de férias algarvio – decoreu normalmente, e à chegada ao aeoporto de Mavalane lá estava à nossa espera, com a disponibilidade e alegria habituais, o Pedro Ogando.
Ainda no trajecto para casa, a primeira troca de impressões sobre esta nossa parte da viagem, o tomar de um duche e de um “wiskhy” retemperadores, seguido do jantar na “Sala do Professor” e o imediato regresso a casa para descansarmos da frenética vivência física e emocional deste últimos 4 dias com viagens, e até porque no dia seguinte (sábado) se estivesse bom tempo, o Pedro tinha alvitrado que fossemos passar o dia à Inhaca.

Thursday, October 27, 2005














Vasco, eu e o Félix. Posted by Picasa














O Vasco e eu (a felicidade do reencontro 3o anos depois ...) Posted by Picasa














Vasco, Mané, Tomané, Félix e Alberto Posted by Picasa














Eu, defronte da "Estalagem da Selva" depois do almoço e antes de nova ida à "farme"do Chibata. Posted by Picasa

REGRESSO A MOÇAMBIQUE

9.º dia - 27 de Outubro - BEIRA /CHIMOIO (NOVA IDA À FARME DO CHIBATA)

Depois de acordarmos e tomarmos o “matabicho” (a expressão que no nosso tempo chamavamos ao pequeno-almoço) e abastecermos a viatura, fizemo-nos novamente à estrada de regresso ao Chimoio para, de acordo com o combinado, irmos ao reencontro passados 30 anos dos ex-trabalhadores moçambicanos da farme. Por essa razão, fomos sem passar pelo Chimoio, directos à Estalagem da Selva – muito próximo da farme – onde almoçamos. A estalagem que no tempo de outrora, era propriedade de um amigo nosso, o Sr. Silva e mais tarde do seu filho, António Silva, foi muito bem recuperada e é um dos poucos exemplos que encontramos de melhoria relativamente ao tempo colonial. Depois do almoço, feito na companhia de alguns agricultores zimbabweanos brancos que agora exploram propriedades próximas, da compra de artesanato, do tirar de fotografias e de mais umas filmagens, lá nos dirigimos para o local de encontro.
Cerca de vinte minutos depois, e junto à nova casa do meu irmão, lá estavam eles à nossa espera, Vasco (cozinheiro), Félix (capataz), Alberto (tractorista), e foi debaixo da árvore, como manda a boa tradição africana, que o reencontro se deu. Penso que ficamos todos emocionados, e o diálogo que se seguiu é bem revelador disso mesmo.
Primeiro, eles a quererem saber do “patrão grande” (o nosso pai) e “senhora” (a nossa mãe) e de lhe termos dito que já tinham falecido, a óbvia constatação de que estavamos mais velhos, “patrão pequeno” (meu irmão) está “cocuana” (velho)”, “menino Carlitos (foi sempre assim que me trataram) também já está cocuana”, menino Mané “maningue meculo” (muito alto), e depois do meu irmão lhes ter dado notícias e mostrado fotografias da D. Isabel (minha cunhada), menina Fernanda (minha irmã), sr. Tomé e D. Alice (sogros do meu irmão), menina Cláudia (minha sobrinha), foi a nossa vez de lhes perguntar pelo Saize (que trabalhou com o meu pai durante os 42 anos que este esteve em África) e que soubemos ter morrido há três meses atrás – aqui não pudemos deixar de pensar que estivemos para fazer a viagem em Abril e, nesse caso, ainda o encontraríamos vivo como tanto desejavamos - pelo Soai (filho do Saize), sensivelmente da minha idade, também já falecido, abatido a tiro durante a guerra civil moçambicana.
Depois, quando procuramos saber das suas vidas, do que fazem, a supreendente resposta com a pergunta de “quando o patrão volta” ? (ao que meu irmão respondeu que só tinhamos vindo de férias e da grande alegria que sentíamos por encontrarmos e estar ali com alguns de vocês) e sem que lhe tivessemos dito mais nada, continuaram “xi, no tempo do patrão, a gente comia três vezes por dia, matabicho (pequeno-almoço), almoço e jantar, e agora tem dia que não come nada”, o que nos deixou quase sem fala, não podendo conter o escorrer de algumas lágrimas pela face abaixo.
Depois de lhe entregarmos as roupas, sapatos e outros objectos que lhe levamos de Portugal, de lhe darmos algumas quantias em dinheiro para eles comprarem o que entendessem, foi a altura de tirarmos fotografias juntos, filmar, e ao fim de algumas horas, que parecem ter passado a correr, a despedida emocionada e o fugir depressa dali, por um lado, porque havia a quase certeza de que dificilmente os voltaremos a ver, e por outro, porque estava a tornar-se “asfixiante” e “torturante” mantermo-nos ali a ouvir os seus queixumes, sem que nada pudessemos fazer por eles.

Deste reencontro, a recordação dos momentos de “felicidade mútua” vividos entre nós, como o bem evidenciam as fotografias juntas.


Wednesday, October 26, 2005















Colégio Luis de Camões ( antigas instalações, onde eu e o meu irmão Tomané estudamos). Posted by Picasa

BEIRA















Motel Estoril (impressionante o estado de degradação em que se encontra) Posted by Picasa
















Farol da praia do Macúti Posted by Picasa















Pavilhão Desportivo (ex-pavilhão da Mocidade Portuguesa) - onde tantas vezes joguei futebol de salão, voleibol, basquete, hóquei em patins nas competições escolares ou associativas. Posted by Picasa















Catedral da Beira Posted by Picasa

REGRESSO A MOÇAMBIQUE

8º dia - 26 de Outubro - CHIMOIO / BEIRA
Logo pela manhã deixamos o hotel a caminho da Beira, pela EN 6, em muito bom estado de conservação, salvo na zona dos baixos do rio Púngue devido às cheias que arrancaram literalmente o alcatrão, e depois de uma viagem de pouco mais de 2 horas, atravessando as mesmíssimas localidades do antigamente, Gondola, Amantogas, Inchope, Nhamantada (ex-Vila Machado), Tica, Muda, Dondo, Mafambisse, Manga, chegamos à segunda cidade de Moçambique, a nossa bem conhecida Beira. A primeira impressão é desde logo o elevado estado de degradação da cidade, que pudemos comprovar aquando de uma visita mais demorada que fizemos posteriormente.
No caminho apenas um episódio digno de realce, o de sermos apanhados em excesso de velocidade por uma brigada da Polícia, comprovada pelo aparelho de radar, mas em que depois de uma conversa com os agentes de autoridade e de explicarmos quem éramos, o comandante da brigada virou-se para o seu subordinado que se preparava para nos autuar e disse-lhe com uma sinceridade indisfarçável “então eles vieram de Portugal para ver a terra deles e tu vais multar, não tem multa não senhor, pode ir embora sem problemas” ao que joguei a mão ao bolso e dei-lhes 500.000 Mts, dizendo que era para beberem umas Manicas (cervejas). Episódio revelador da amizade, alegria, e comunhão de sentimentos com que em toda a viagem fomos recebidos pelos moçambicanos !
Depois de tentarmos sem sucesso hospedarmo-nos no Hotel Tivoli (ex-Pensão Alfacinha) no Maquinino, a única unidade hoteleira razoável e por isso completamente lotada, acabamos por encontrar quartos no Hotel Embaixador que se encontra exactamente na mesma como há 30 anos – quando era então um hotel de luxo – e, como é bem de ver, num estado nada recomendável, mas como não havia alternativa e havíamos decidido passar a noite na Beira, que remédio senão aí ficarmos.
Com base em algumas dicas que nos tinham sido dadas, fomos almoçar ao “Pic-Nic” (sim, aquele em frente ao cinema Nacional) que se mantém na posse do mesmo proprietário português do tempo colonial e onde comemos realmente bem. No fim do almoço, e depois de termos obtido o telemóvel, conseguimos chegar à fala com o nosso amigo de infância Rui Basílio, que voltou à Beira e por lá se mantém como gerente de uma firma portuguesa de pesca de camarão, enquanto a sua mulher, a Melita, se encontra à frente do Colégio Académico (escola portuguesa da Beira) que de imediato veio ter conosco ao restaurante. Foi bom, por entre os digestivos, conversar com o Rui, revivendo velhos tempos, a surpresa de ele me tratar por “neguitos” (nem eu próprio me lembrava de há 40/50 anos atrás toda a gente me conhecer assim em Vila Pery, o diminuitivo de negritos por ser bastante moreno) tendo ficado desde logo acertado que à noite jantaríamos com eles.
Findo o almoço, fomos dar uma volta pela cidade, percorrendo os lugares de outrora, Praça do Município, Cafés Capri e Riviera, Bazar, Catedral, Pavilhão da Mocidade Portuguesa, Grande Hotel (impressiona o estado de ruína em que se encontra, inclusivé com árvores a nascer das varandas dos quartos...), Pavilhão Oceânea, Jardim do Bacalhau, Colégio Luís de Camões, Cinema S. Jorge, Praça da Índia, Veleiro (apenas as ruínas, engolido pelo mar), Sporting da Beira, Colégio Maristas, Clube Naútico, Macúti.
Na Beira, tivemos vontade de chorar, porque ao visitá-la tem-se o pesadelo realístico das cidades fantasmas ou arcaicas que aparecem nas ficções do Indiana Jones, o de umas ruínas (a daqueles prédios decadentes) por cima do rio Chiveve, dando a impressão que os cidadãos beirenses foram transferidos de uma cidade moderna e como castigo do destino refugiaram-se em ruínas que outrora foram as de uma cidade belamente desenhada e edificada durante décadas e então dotada de uma gestão municipal a vários títulos exemplar (em que na área central da cidade apenas os arquitectos podiam assinar projectos, seguindo-se áreas onde já assinavam engenheiros, e depois, na periferia, agentes técnicos e desenhadores, onde os processos camarários respectivos incluíam nas telas finais os recibos de pagamento dos técnicos escrupulosamente seguindo as tabelas do MOP e era obrigatória uma minuciosa descrição dos trabalhos e materiais a utilizar e, finalmente, um «Conselho de Estética», renovado de 6 em 6 meses, formado por arquitectos e engenheiros que tudo supervisionava).
Dói ainda para mais saber que isto se deve essencialmente a razões de ordem política – o facto de a cidade e a província de Sofala se manterem como “bastiões eleitorais” da RENAMO – tem provocado como consequência que o poder da FRELIMO afaste deliberadamente da provícia de Sofala e da cidade da Beira quaisquer projectos de investimento e desenvolvimento, concentrando-os nas províncias do sul e na capital Maputo. O último episódio conhecido desta política frelimista de ostracismo à segunda cidade do país, foi a apresentação do projecto de candidatura de Moçambique à organização do CAN - 2010 (Taça das Nações Africanas) em que incrívelmente a Beira foi retirada (em troca, pasme-se, com o Chimoio, onde se construíria um novo estádio de raíz) das cidades que receberiam jogos do torneio.
Neste momento, parece existir uma restea de esperança, com a recente eleição do candidato da Renamo para a autarquia da cidade (Presidente do Conselho Executivo, o mesmo que nosso “Presidente da Câmara”) de Daviz Simango – tido, aliás, como o mais provável sucessor de Dhlakama à frente do “partido da perdiz” (Renamo) - filho do nacionalista moçambicano reverendo Urias Simango, fuzilado após a independência às ordens dos seus antigos camaradas da Frelimo (enterrado em Nachingwia na Tanzânia, em vala comum, conjuntamente com a Joana Simeão e outros nacionalistas moçambicanos que se opunham, sabe-se hoje, à hegenomia sulista - Mondlane, Machel, Chissano - na estrutura dirigente da Frelimo) tendo o próprio ex-Presidente Chissano reconhecido que a Beira é, de momento, o mais dinâmico município do país, apreciação muito generalizada também junto do cidadão comum da cidade e atribuída aos méritos pessoais e políticos de Daviz Simango. Aliás, a resposta que deu ao comité de candidatura ao CAN, onde sem criticar ou lamentar a decisão de exclusão da Beira, se limitou a afirmar estar o município da Beira em condições de construir o estádio e as estruturas hoteleiras necessárias para receber o evento, é bem revelador da sua estatura dirigente, que começa de resto a ser reconhecida na própria “inside” frelimista não conotada com a ala dura do “partido da maçaroca” (Frelimo). Vejamos se esta ascensão do herdeiro do apelido de peso (Simango) que ostenta se concretiza, quanto mais não seja para a possibilidade da construção de uma alternativa de poder e da edificação de um verdadeiro «estado nacional moçabicano».
Depois desta incursão na política moçambicana, resta dizer que completamos a nossa volta pela cidade, aqui e ali umas compras de artesanato e capulanas (a um vendedor de rua, adquiri um excelente CD de música “As Divas da Música Africana-2003” uma excelente miscelânia de grandes intérpretes, como Monique Seca, Miriam Makeba, Tsala Muana, Mory Kante, Khadja Nin, que não me tenho cansado de ouvir) e depois de uma breve passagem pelo hotel, fomos jantar com o Rui e a mulher a um novo restaurante ( no tempo do antigamente era uma pensão de que já não me recordo o nome, sediado no lado esquerdo e logo no início da grande avenida que ligava o S. Jorge à Praça da Índia (a da residência do antigo governador colonial e do actual governador frelimista, aqui ao menos não houve mudanças ...) onde para surpresa se encontrava a jantar o actual Ministro das Obras Públicas de Moçambique, Felício Zacarias, nosso conterrâneo de Vila Pery, e que aliás reconheceu o meu irmão Tomané. Abraços efusivos, as perguntas da praxe, sobre a família, a razão da viagem, num ambiente de grande cordialidade entre um governante moçambicano negro e um português branco que supreendeu os próprios acompanhantes do ministro, brancos nórdicos, bem revelador de uma especial forma de relacionamento que conseguimos cultivar em África.
Depois do jantar, um longo serão em casa do Rui Basílio, uma vez mais recordando tempos passados, a revelação de parte a parte sobre onde se encontram este e aquele dos nossos amigos de infância e juventude de Vila Pery (por todo o lado, de Portugal ao Brasil, Angola, África do Sul, Estados Unidos, etc., etc., partiram para a construção das suas novas vidas pelas “sete partidas do mundo”), mas falando igualmente sobre o futuro de Moçambique e Portugal. Depois deste afectivo serão, as despedidas e a promessa de um breve reencontro em Portugal e o regresso ao hotel para descansarmos de mais estas fartas emoções.



Tuesday, October 25, 2005














Restaurante da piscina de Manica Posted by Picasa














Piscina de Manica Posted by Picasa














O meu sobrinho Mané acompanhado dos miúdos que nos rodearam logo após a nossa chegada Posted by Picasa













Eu e meu irmão Tomané na porta de entrada da casa da "farme"
(em estado de destruição evidente) Posted by Picasa












Eu junto aos vestígios da área de abastecimento de água e electricidade (grupo gerador, bomba de água, furo artesiano) Posted by Picasa












O meu irmão junto à tarimba ( em primeiro plano a carcaça de um outro tractor o John Deere) Posted by Picasa












Eu debaixo da acácea, uma das poucas árvores ainda de pé. Posted by Picasa

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