Thursday, July 28, 2005


MALACA - a famosa "porta de Albuquerque"

LUSOFONIA - A SOBERANIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO ( 11 )

A lusofonia é, pois, uma mistura da representação das várias “pátrias” e “comunidades” espalhadas pelo mundo, sejam as portuguesas pela Europa, África e Américas, as brasileiras desde a Europa ao Japão, as africanas em Portugal, as caboverdianas na Europa e Américas, as do Centro de Língua Portuguesa de Joanesbourg onde não há rivalidades e distâncias entre tugas, brazucas, moçambicanos, angolanos, cabo-verdeanos, são-tomenses, timorenses ou outros «enses», lutando juntos numa sociedade anglo-saxónica onde a lusofonia está longe de ser galão de prestígio, as indo-portuguesas do oriente como as de Goa , Damão e Diu, mas também as vivências indo-portuguesas de Malaca, Ano-Bom e Ziguinchor, enfim as indo-chinesas de Macau e das comunidades macaenses pelo mundo, onde em todas elas e a despeito de em algumas delas serem apenas minúsculos aglomerados de pessoas, ser-se “lusófono” é uma afirmação de identidade baseada na língua, na música, nos costumes, na história, na música e/ou na gastronomia, que guardam religiosamente, já faz séculos, como um valor precioso a preservar da afirmação do mundo lusófono, como aliança entre todos os países que partilham o idioma de Camões e os seus mais de 200 milhões de falantes deste nosso planeta, e o da afirmação com base nessa identidade linguística – este milénio não será, ao contrário do que muitos pensam, bilíngue (língua nacional mais o inglês) mas multilingue – da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” neste mundo global.

Tuesday, July 26, 2005


DILI - Vista da praia do Cristo Rei

LUSOFONIA - TIMOR ( 10 )

Em Timor, a mais jovem nação de língua oficial portuguesa, a lusofonia foi o polo aglutinador que permitiu a resistência ao invasor indonésio (numa altura que já quase não se falava português, mas em que se continuava a rezar em português ... ) e o assegurar da independência, e no que é hoje o mais premente desafio da cena lusófona, um complexo de motivações de ordem psicológica, cultural e socio-económica que terá determinado a opção "estratégica" de abraçar a língua portuguesa como língua oficial (num país onde 90% da população fala o “tetum”) e de fazer entender aos seus gigantescos vizinhos australiano e indonésio que a sua ligação não se esgota em Portugal, mas antes num espaço mais vasto - o nundo lusófono.

Sunday, July 24, 2005


Ruínas de S Paulo - ex-libris de MACAU

LUSOFONIA - MACAU ( 9 )

Em Macau a lusofonia representa a sobrebivência do mais antigo legado europeu em solo chinês - os inequívocos sinais da secularidade portuguesa - e a presença futura nessa cidade invisível, de monumentos, sons, odores, fragmentos e lembranças, em que se procura o rasto de um caudal que correu por muitos anos e que foi deixando despojos, sinais, tradições, marcas de uma cultura ... que representa a simbiose entre as tradições ocidentais e orientais e testemunho único de um encontro das civilizações do Ocidente e Oriente.

Friday, July 22, 2005


GOA - Capela de Santo António - Forte do Tiracol

LUSOFONIA - GOA ( 8 )

Em Goa, Damão e Diu, a lusofonia é numa vertente imediata a procura de um futuro para a sua cultura – num quadro de aproximação das literaturas de língua portuguesa do Oriente (além de Goa, Macau e Timor), de África (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe), do Novo Mundo (como o Brasil) e de Portugal – hoje tão dominada, e minoritária face ao continente indiano, e numa perspectiva de futuro próximo é a reunião dos territórios, mesmo que isso cheire a um mofo de restos coloniais, de aristrocracia burocrática, ou a um gesto de afirmação católica.

Sunday, July 17, 2005


LOURENÇO MARQUES (actual MAPUTO) - pérola do Índico, uma das cidades capitais da lusofonia

LUSOFONIA - MOÇAMBIQUE ( 7 )

Em Moçambique, a lusofonia é uma mistura de interpretações, um misto de loucura saudosista das comunidades brancas, indianas, chinesas - herdeira da mais cosmopolita das colónias portuguesas - a configuração da unidade e da consciência nacionais contra a explosão dos múltiplos particularismos étnicos e tribais e, nessa medida, um forte centro contra a diluição de Moçambique nos países vizinhos (Zimbabwe, Zambia, Malawi e África do Sul) dos quais é a um tempo destino (frente marítima natural) e ponto de partida de penetração no continente.
A despeito do aparentemente insólito ingresso na comunidade dos países ex-colónias britânicas (“Commonwealth”), a “lusofonia” é porventura o único factor de identidade integrador da unidade nacional da «nação moçambicana», podendo afirmar-se que «Moçambique só é Moçambique porque é lusófona» (ou só permaneçerá Moçambique enquanto fôr lusófona)
.

Sunday, July 10, 2005


S Tomé e Principe - vista da cidade e do palácio do governador (actual palácio presidencial)

LUSOFONIA - SÃO TOMÉ E PRINCÍPE ( 6 )

Em São Tomé, a “lusofonia” pode ser a “reinvenção” da sociedade são-tomense e dos seus constantes reagenciamentos identitários, determinados pela dinâmica histórica, em que o processo de “transculturação” produto da sua localização periférica, impõe a necessidade das contribuições dos “forros” (os primeiros “mulatos alforriados”) mas também a descolonização das mentes destes em relação às novas contribuições, dos “não-forros” (isto é, dos habitantes africanos ou seus descendentes, os “tongas”, significando aqueles que vieram do continente), dos “torna-viagem” (os embarcadiços que foram , durante muito tempo, os emigrantes são-tomenses para Angola ou para o Sul, aqueles para quem se organizavam festas para quando fossem de férias... ) e ainda os “novos emigrantes” da era do petróleo, sobretudo da Nigéria, mas também do Gabão, Senegal ou Costa do Marfim, cuja presença ainda que reduzida tem vindo a aumentar (como outrora na “era do cacau” o foram os trabalhadores de Angola, Moçambique e Cabo Verde) e sobre os quais perpassa um discurso da mais radical xenofobia, encoberto pelo manto diáfono da “perservação cultural”, por parte de um certo segmento pretensamente esclarecido da população urbana. “Laboratório do escravismo tropical” e nação assumidamente como em permanente “errância”, a lusofonia pode significar para São Tomé o elemento de encontro de diásporas várias e processos migratórios recentes – os novos “apports” do período pós-colonial, chegados das costas do continente, redescobrindo a sua velha apetência migratória (por razões quase nunca pacíficas) apesar de não ter sido uma nação de emigrantes, como a sua irmã cabo verdiana – um aspecto da sua idiossincracia, cada vez mais latente, embora não reconhecida pela sua “intelligentzia” e “Poder”.

Saturday, July 02, 2005


ANGOLA - estrada da Serra da Leba ligando Lubango (Sá da Bandeira) ao Namibe (Moçamedes) - uma espantosa obra da engenharia lusófona.

LUSOFONIA - ANGOLA ( 5 )

Em Angola, a lusofonia está intimamente relacionada com os conceitos da negritude - o coração do Brasil africano está, sem dúvida, em Angola - da mestiçagem, do crioulo, gerados nas relações existentes, durante séculos, no triângulo Portugal-Angola-Brasil. Embora a lusofonia se sinta hoje intrincheirada justamente entre essa crioulidade urbana e o pan-africanismo, ela poderá ser o instrumento de ultrapassagem dessa dualidade entre o “interior negro” e o “litoral citadino crioulo”, entre as nações “ovimbundu” e “quimbundu”, e a forma de o povo angolano reabilitando a sua memória, históricamente silenciada e guardada nas suas tradições, partir dela para a construção da nação que estribada nas suas imensas riquezas naturais se torne “plurirracial e não racista” (tal qual como imaginada pela intelectualidade angolana) e, desse modo, cultural e politicamente forte no contexto africano e mundial.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?