Sunday, August 20, 2006

BEIRA - 99.º Aniversário

A cidade da Beira, em Moçambique, comemora hoje 20 de Agosto de 2006, 99 anos de vida desde que foi fundada em 1887 numa área conhecia pelo nome de Aruângua tendo recebido inicialmente o nome de Chiveve, o curso de água local que atravessa a mesma, tendo a cidade recebido o nome em homenagem ao Príncipe da Beira, D. Luís Filipe, primogénito de D. Carlos I.
Cidade onde passei grande parte da minha juventude (estudei no Colégio Luis de Camões e no Liceu Pero de Anaia) não podia deixar de assinalar neste”blog” esta data, tanto mais que a cidade parece finalmente sob a égide do actual presidente do Conselho Municipal da Beira, Devis Simango,
eleito em 2004 como representante da Renamo-UE, sair da letargia que lhe foi imposta desde a independência pelo «poder sulista-frelimista» e atravessar agora uma fase de notória recuperação, pondo termo ao elevado estado de degradação em que se encontrava e que ainda no ano passado (2005) tive infelizmente a possibilidade de comprovar pessoalmente, e cujas fotografias juntas comparativas do tempo colonial e actual o demonstram cabalmente.
Também por isso, não posso deixar de transcrever o excelente artigo de opinião hoje expresso, a este propósito, pelo jornalista moçambicano Noé Nhantumbo no www.canalmoz.com:

“BEIRA
Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Beira: domingo, 20 de Agosto 2006, faz 99 anos
É dia de festa mas o trabalho continua
Os beirenses tem motivos de sobra para celebrar mais um aniversário. O que parecia impossível tornou-se realidade. A famosa guerra ou justificação de que os recursos eram insuficientes provou-se errada através de uma acção consequente.
O que temos a celebrar desta vez?
Que é possível fazer muito mais mesmo quando os recursos são escassos.
Que as fricções partidárias são até necessárias para que o jogo democrático aconteça.
Que a coabitação política é possível e é necessária.
Que a alternância no poder liberta energias e criatividade até então desconhecidas.
Que a Frelimo não é nenhum deus.
Que a Renamo também não é um monstro.
Que os cidadãos sabem o que querem mas precisam sempre de acompanhamento.
Que a falta de recursos ou fundos como habitualmente nos é dito é “papo furado”.
Que a cidadania precisa de continuar a ser cultivada.
Que a cólera pode ser vencida.
Que ainda falta desenvolver a responsabilidade social por parte de muitos parceiros empresariais locais.
Que isso não pode ser impedido em nome de filiação partidária.
Que a qualidade da reabilitação de algumas estradas aconteceu sem a qualidade desejada.
Que algumas das fricções partidárias são descabidas e sem fundamento ou por ausência de um senso de pertença a esta cidade e a este país.
Que não se deve nem se pode dormir à sombra da bananeira pelos sucessos alcançados.
Que a recolha do lixo ainda pode melhorar mais sobretudo se começar a ser feita de noite".

BEIRA de ontem e de hoje

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BEIRA - 99.º Aniversário

Ainda a propósito do 99.º Aniversário da cidade da Beira transcrevo um artigo do jornalista moçambicano João Craveirinha (politicamente insuspeito ... ) que tem vindo a efectuar "Uma incursão na História recente dos Municípios de Moçambique", no jornal “O Autarca”, este sobre a cidade da Beira e onde contrariamente ao entendimento "politicamente correcto" se constata que nem tudo foi afinal tão mau no colonialismo português pelas Áfricas!

"As imagens de arquivo não mentem. São do período compreendido entre 1962 a 1967 e localizadas na Beira colonial. A partir de 1960 a Fevereiro de 1962, houve um Estudo de um Plano Director Geral para a Cidade da Beira – Aruângua kuSena. Consistia em dois grandes vectores, a saber: -1º. – DRENAGEM E ENXUGO DA ZONA SUBURBANA.
2º. - DRENAGEM E SANEAMENTO DA ZONA URBANA.
Foram projectos elaborados na Direcção Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do “Ultramar” de Portugal. Concluídos em Fevereiro de 1962 e aprovado pelo Conselho Superior de Obras Públicas e pelo Ministro do Ultramar, Prof. Dr. Adriano Moreira.
Responsável geral pela equipa de Engenheiros do Ministério do “Ultramar” –, o emérito Prof. Eng.º Celestino da Costa (hoje jubilado com cerca de 93 anos). Orienta e coordena uma equipa de brilhantes Engenheiros e Consultores Técnicos –, uns veteranos, outros jovens inovadores formados com distinção.
O Prof. Eng.º Celestino da Costa foi o autor do Planeamento Geral da Drenagem e Saneamento Urbano e o Eng.º Carlos Quintanilha Góis autor do projecto da Drenagem e Enxugo da Zona Suburbana; - O Especialista do grupo, em Engenharia Sanitária e Serviços de Urbanismo e Habitação – o Eng.º Manuel F. Neto Valente, Chefe da Secção do Ministério do Ultramar em Lisboa, onde se executou o projecto para a Beira – Moçambique: - Outros Engenheiros co-autores do detalhe das Redes Urbanas de Drenagem e Saneamento, Sistema Elevatório e Interceptor geral, Emissários, Postos de Bombagens, Estações Elevatórias, foram: - Eng.ª Mª Emília C. Carvalho, Eng.º Alberto Campilho Gomes e o Eng.º Jaime Simões Cordeiro. Uma elite portuguesa de Engenheiros.
Valores parciais dos trabalhos: Zona suburbana: - …14.949.760$60. Zona Urbana: -…143.268.354$39 em escudos portugueses antigos (entre 20$00 a 40$00 o dólar americano na altura).Empreitada posta a concurso em Moçambique pela Câmara Municipal da Beira, em Março de 1962, subscrita pelo seu Presidente, Comandante João Alberto Costa Soares Perdigão. A obra foi adjudicada em Junho de 1962 (intervalo de 3 meses). Empresa Empreiteira da obra; a Construtora do Tâmega (CT) de Amarante (Portugal). A Fiscalização a cargo da Câmara Municipal da Beira (C.M.B) “que para o efeito contratou técnicos e montou a respectiva brigada”, chefiada pelo Eng.º Jaime Simões Cordeiro.
Em Julho seguinte deu-se início às obras de Drenagem e Enxugo da Zona Suburbana (mais precária e de demografia maioritária africana e núcleos asiáticos). Eventualmente, seria dada prioridade ao Subúrbio, para evitar a propagação de problemas de saúde para a cidade – cimento da Beira, aonde residia com mais regalias e melhor infra-estruturas de instalações a população europeia minoritária (menos de metade da população suburbana).
Prazo da empreitada: 5 anos. Origem dos Investimentos: Governo-geral de Moçambique –, Comparticipação da CMB –, Financiamento do Empreiteiro (CT) –, CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique) –, Imposto público de serviço.
Valores parciais da adjudicação da obra, em escudos antigos: Zona suburbana: - …21.121.834$00. Zona Urbana: -…133.225.873$90. Se calcularmos 1 US Dólar a 20 / 40 escudos…façam as contas quanto seria hoje com esses valores com a correcção monetária (inflacionária) de 44 anos.
Portugal Imperial, sem Uniões Europeias auto-financiava os seus projectos de modernização em África ainda que dentro de uma perspectiva colonial. Funcionava. Do que exploravam em África, havia algum retorno de modernização às suas Colónias Africanas em particular mais para Moçambique e Angola. Investimento tecnológico em alguns aspectos superior aos efectuados em Portugal – sede europeia. O mito de outros “Portugais” no imaginário colectivo português.
O laboratório experimental da Engenharia Portuguesa, situado sem dúvida em África, na Oceânia – Timor e mesmo na Ásia (Macau). A antiga Índia “portuguesa” (Goa, Damão e Diu), perdida, ao integrar a União Indiana. Uma coisa é certa, os portugueses, deixaram obra feita! (Continua no próximo número). Jornal O Autarca da Beira nº 1122 (parte 1) de 31 Julho 2006 segunda – feira (e ZOL – zambezia.co.mz )…"


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