Sunday, August 20, 2006

BEIRA - 99.º Aniversário

Ainda a propósito do 99.º Aniversário da cidade da Beira transcrevo um artigo do jornalista moçambicano João Craveirinha (politicamente insuspeito ... ) que tem vindo a efectuar "Uma incursão na História recente dos Municípios de Moçambique", no jornal “O Autarca”, este sobre a cidade da Beira e onde contrariamente ao entendimento "politicamente correcto" se constata que nem tudo foi afinal tão mau no colonialismo português pelas Áfricas!

"As imagens de arquivo não mentem. São do período compreendido entre 1962 a 1967 e localizadas na Beira colonial. A partir de 1960 a Fevereiro de 1962, houve um Estudo de um Plano Director Geral para a Cidade da Beira – Aruângua kuSena. Consistia em dois grandes vectores, a saber: -1º. – DRENAGEM E ENXUGO DA ZONA SUBURBANA.
2º. - DRENAGEM E SANEAMENTO DA ZONA URBANA.
Foram projectos elaborados na Direcção Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do “Ultramar” de Portugal. Concluídos em Fevereiro de 1962 e aprovado pelo Conselho Superior de Obras Públicas e pelo Ministro do Ultramar, Prof. Dr. Adriano Moreira.
Responsável geral pela equipa de Engenheiros do Ministério do “Ultramar” –, o emérito Prof. Eng.º Celestino da Costa (hoje jubilado com cerca de 93 anos). Orienta e coordena uma equipa de brilhantes Engenheiros e Consultores Técnicos –, uns veteranos, outros jovens inovadores formados com distinção.
O Prof. Eng.º Celestino da Costa foi o autor do Planeamento Geral da Drenagem e Saneamento Urbano e o Eng.º Carlos Quintanilha Góis autor do projecto da Drenagem e Enxugo da Zona Suburbana; - O Especialista do grupo, em Engenharia Sanitária e Serviços de Urbanismo e Habitação – o Eng.º Manuel F. Neto Valente, Chefe da Secção do Ministério do Ultramar em Lisboa, onde se executou o projecto para a Beira – Moçambique: - Outros Engenheiros co-autores do detalhe das Redes Urbanas de Drenagem e Saneamento, Sistema Elevatório e Interceptor geral, Emissários, Postos de Bombagens, Estações Elevatórias, foram: - Eng.ª Mª Emília C. Carvalho, Eng.º Alberto Campilho Gomes e o Eng.º Jaime Simões Cordeiro. Uma elite portuguesa de Engenheiros.
Valores parciais dos trabalhos: Zona suburbana: - …14.949.760$60. Zona Urbana: -…143.268.354$39 em escudos portugueses antigos (entre 20$00 a 40$00 o dólar americano na altura).Empreitada posta a concurso em Moçambique pela Câmara Municipal da Beira, em Março de 1962, subscrita pelo seu Presidente, Comandante João Alberto Costa Soares Perdigão. A obra foi adjudicada em Junho de 1962 (intervalo de 3 meses). Empresa Empreiteira da obra; a Construtora do Tâmega (CT) de Amarante (Portugal). A Fiscalização a cargo da Câmara Municipal da Beira (C.M.B) “que para o efeito contratou técnicos e montou a respectiva brigada”, chefiada pelo Eng.º Jaime Simões Cordeiro.
Em Julho seguinte deu-se início às obras de Drenagem e Enxugo da Zona Suburbana (mais precária e de demografia maioritária africana e núcleos asiáticos). Eventualmente, seria dada prioridade ao Subúrbio, para evitar a propagação de problemas de saúde para a cidade – cimento da Beira, aonde residia com mais regalias e melhor infra-estruturas de instalações a população europeia minoritária (menos de metade da população suburbana).
Prazo da empreitada: 5 anos. Origem dos Investimentos: Governo-geral de Moçambique –, Comparticipação da CMB –, Financiamento do Empreiteiro (CT) –, CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique) –, Imposto público de serviço.
Valores parciais da adjudicação da obra, em escudos antigos: Zona suburbana: - …21.121.834$00. Zona Urbana: -…133.225.873$90. Se calcularmos 1 US Dólar a 20 / 40 escudos…façam as contas quanto seria hoje com esses valores com a correcção monetária (inflacionária) de 44 anos.
Portugal Imperial, sem Uniões Europeias auto-financiava os seus projectos de modernização em África ainda que dentro de uma perspectiva colonial. Funcionava. Do que exploravam em África, havia algum retorno de modernização às suas Colónias Africanas em particular mais para Moçambique e Angola. Investimento tecnológico em alguns aspectos superior aos efectuados em Portugal – sede europeia. O mito de outros “Portugais” no imaginário colectivo português.
O laboratório experimental da Engenharia Portuguesa, situado sem dúvida em África, na Oceânia – Timor e mesmo na Ásia (Macau). A antiga Índia “portuguesa” (Goa, Damão e Diu), perdida, ao integrar a União Indiana. Uma coisa é certa, os portugueses, deixaram obra feita! (Continua no próximo número). Jornal O Autarca da Beira nº 1122 (parte 1) de 31 Julho 2006 segunda – feira (e ZOL – zambezia.co.mz )…"


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