Monday, November 05, 2007

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Sunday, November 04, 2007

O PROBLEMA AFRICANO


A propósito da realização ou não da Cimeira Europa-África em Lisboa e da vinda ou não de Mugabe, permito-me antecipar algumas ideias sobre o tema analisando aquilo que na minha opinião é o verdadeiro “problema africano”.
Ainda há bem pouco tempo o prestigiado "The Economist" notava com razão que o mundo desenvolvido já canalizou para África o equivalente a 6 (seis!) planos Marshall, com fracos resultados, ao mesmo tempo que uma outra notícia avançava com o facto de que o "montante dos dinheiros depositados pelos vários líderes africanos em bancos estrangeiros no período pós-independências seria suficiente para pagar a totalidade da dívida externa desses mesmos países africanos".
Estes dois factos demonstram à saciedade que o decisivo para o desenvolvimento africano não é tanto o auxílio externo dos países mais ricos, mas a qualidade da governação.
Apesar de haver algumas excepções, os líderes africanos são na sua maioria, gente pouco recomendável, que se continua a escudar no “colonialismo” para justificar a má governação.
Ora, quase meio século depois a desculpa do "colonialismo" já não explica a tragédia africana - o pretexto do colonialismo apenas continua a encontrar eco em paternalistas círculos de opinião europeus, além do mais, com sibilinos contornos de cunho racista - é apenas um álibi que permite a esses mesmos governantes continuarem a extorquir as riquezas dos respectivos países e a acumularem imensas fortunas pessoais que transferem para os bancos e paraísos fiscais sediados fora de África.
O problema africano deve-se a uma combinação de factores em que avultam o "nepotismo", a "corrupção", o "tribalismo", o "desrespeito dos direitos humanos" (diria dos direitos dos povos africanos), o "saque e a pilhagem" das riquezas naturais pelos inúmeros ditadores africanos, a impunidade dos traficantes de armas e das multinacionais que com estes cooperam, ou mais recentemente dos novos "parceiros chineses" que preferem traficar com os corruptos líderes africanos do que envolverem-se nas questões de direitos humanos e democracia.
O que é obsceno é que a Europa, continuando a cooperar sem interferir ou ignorando a existência destes problemas, mantenha a ilusão de que se pode resolver a “questão africana” através de ajudas financeiras ou outras, mantendo assim a cumplicidade, ainda que por omissão, dessa desenfreada e contínua pilhagem.

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