Sunday, July 10, 2005

LUSOFONIA - SÃO TOMÉ E PRINCÍPE ( 6 )

Em São Tomé, a “lusofonia” pode ser a “reinvenção” da sociedade são-tomense e dos seus constantes reagenciamentos identitários, determinados pela dinâmica histórica, em que o processo de “transculturação” produto da sua localização periférica, impõe a necessidade das contribuições dos “forros” (os primeiros “mulatos alforriados”) mas também a descolonização das mentes destes em relação às novas contribuições, dos “não-forros” (isto é, dos habitantes africanos ou seus descendentes, os “tongas”, significando aqueles que vieram do continente), dos “torna-viagem” (os embarcadiços que foram , durante muito tempo, os emigrantes são-tomenses para Angola ou para o Sul, aqueles para quem se organizavam festas para quando fossem de férias... ) e ainda os “novos emigrantes” da era do petróleo, sobretudo da Nigéria, mas também do Gabão, Senegal ou Costa do Marfim, cuja presença ainda que reduzida tem vindo a aumentar (como outrora na “era do cacau” o foram os trabalhadores de Angola, Moçambique e Cabo Verde) e sobre os quais perpassa um discurso da mais radical xenofobia, encoberto pelo manto diáfono da “perservação cultural”, por parte de um certo segmento pretensamente esclarecido da população urbana. “Laboratório do escravismo tropical” e nação assumidamente como em permanente “errância”, a lusofonia pode significar para São Tomé o elemento de encontro de diásporas várias e processos migratórios recentes – os novos “apports” do período pós-colonial, chegados das costas do continente, redescobrindo a sua velha apetência migratória (por razões quase nunca pacíficas) apesar de não ter sido uma nação de emigrantes, como a sua irmã cabo verdiana – um aspecto da sua idiossincracia, cada vez mais latente, embora não reconhecida pela sua “intelligentzia” e “Poder”.

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