Sunday, March 18, 2007

MOÇAMBIQUE Terra de Feitiços


O HOMEM INVISÍVEL

Moçambique, como em geral toda a África, é uma terra de «feitiços», pelo que na sequência do feitiço do Tua, uma história real passada na minha juventude, vou relatar mais histórias da feitiçaria moçambicana, como esta do «Homem Invisível» que transcrevo do livro do escritor moçambicano João Craveirinha «Moçambique, Feitiços, Cobras e Lagartos - Crónicas Romanceadas» (Texto Editora, Outubro de 2001):

«Conta-se que numa certa madrugada morna do ano de 1998, na Praça dos Trabalhadores, ex-Praça Mac-Mahon, na cidade de Maputo, um homem com passos largos e confiantes, de ferramenta às costas, pé de cabra etc. (o usual nas «tarefas» habituais dos amigos do alheio), dirige-se a um escritório dos muitos existentes e encerrados, como é hábito, àquela hora. O referido homem passa afoito perto de um elemento da segurança ignorando-o apesar de interpelado pelo mesmo agente armado com a popular e tristemente conhecida metralhadora AKM ou AK47.
Bem, é provável que um feitiçeiro tenha «tratado» esse homem com um «banho» à base de água de lavar cadáveres da casa mortuária, incutindo-lhe uma autoconfiança cega, fazendo-o crer que se tornava invisível aos olhos das outras pessoas depois do «tratamento» com esse banho mágico.
Note-se que existe em Moçambique essa crença, ou melhor, superstição, da água de lavar cadáveres da morgue ter propriedades que tornam as pessoas invisíveis, possibilitando a violadores sexuais e aos ladrões uma total impunidade nas suas práticas, sobretudo nocturnas,
Em Maputo, pensa-se que esta superstição foi trazida por outras do norte de Moçambique para a cidade capital.
Resultado: este larápio da Praça dos Trabalhadores, por se julgar invisível, fio atingido por disparos desferidos pela metralhadora AK47 do elemento da segurança que guardava o local, ao não responder aos avisos para parar, continuando o meliante na sua tentativa de forçar as grades da porta principal.
Na realidade, ao nível psicológico, para este indivíduo as pessoas é que se tinham tornado invisíveis, não acreditando que o «irisse», ou feitiço, pudesse falhar.»

É caso para dizer, que neste caso o feitiço se virou contra o feiticeiro!

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