Monday, August 15, 2005
O REGRESSO AO PASSADO - Colégio N. Senhora da Conceição (Vila Pery)
Após concluir a instrução primária na escola D.Gonçalo Silveira – curiosamente, e só para ver como muitas vezes tudo isto se encontra interligado, li recentemente que o escritor moçambicano Mia Couto se vai iniciar no romance histórico baseando-se na figura deste missionário e acerca do qual escrevi já neste “blog” uma pequena biografia – e após o exame de admissão ao liceu, em 1959-60 continuei os meus estudos no Colégio Nossa Senhora da Conceição, de Vila Pery, um colégio de freiras, para o qual e a exemplo de outros colégios de padres e religiosas nomeadamente nas cidades e vilas do interior dos territórios das colónias, o estado português transferia a sua responsabilidade pelo ensino liceal.
Mais uma vez, não posso deixar de realçar as incogruências da política educacional colonial portuguesa – ao entregar a essas ordens religiosas o ensino liceal, para todos os efeitos e nomedamente em termos de engargos funcionando como colégios particulares (ensino pago e, por vezes, bastante bem pago) – produzia naturalmente a selecção daqueles que a ele podiam aceder.
No fundo, da transição da escola primária para o liceu, fez com que neste só tivessem entrado os meus colegas da primária “brancos”, alguns de origem indiana (filhos dos mais prósperos comerciantes indianos da Vila, entre os quais naturalmente o meu grande amigo Jassu, hoje o Dr. Hirgee, distinto magistrado do M Público na Boa Hora, com quem partilhei um longo percurso estudantil, primário, liceal e universitário na Faculdade de Direito de Lisboa), mas tivessem ficado pelo caminho os “mestiços” que tinham sido meus companheiros na instrução primária.
Era um colégio misto, interno para o elemento feminino, externo para os rapazes, recordo aqui os da minha geração (Carlos Lages, Alexandre e Zé Violante, Carreiro, Garcia o “galinha”, Luis Gomes, Vitorino, Jassu, Kanti, Aguiar, Fielito, Viegas, Pedro Laje) que se segue à primeira (e, por isso a mais “famosa”) geração de alunos (Lacerda, Tony Almeida Matos, Renato Saavedra, Beto, Rui Barriga, Conde, Rui Basílio, o meu irmão Tomané o “vingança”, Fiel, Azambuja, Tomané, os dois últimos infelizmente já desaparecidos ) que independentemente das que se lhe seguiram até aos anos 70, são naturalmente as mais marcantes do Colégio, até porque a maior parte deles acabaram por fazer as suas vidas pessoais e profissionais em Vila Pery, de onde só saíram à data da independência.
Uns continuam em Moçambique (Rui Basílio, Tony Almeida Matos – este é um caso curioso, porque tendo vindo estudar para Portugal nos anos 60, sabia-se que tinha partido para o estrangeiro, e só com a independência e o seu regresso integrado na estrutura da FRELIMO, tendo mesmo chegado a exercer funções governamentais em executivos de Samora Machel, se constatou que a sua fuga estava já relacionada com a sua adesão à Frelimo, inteiramente desconhecida para todos nós, tanto mais que o facto era naturalmente e propositadamente “esquecido” pela sua família que continuou a viver em Vila Pery – o Gomes, o “Alves Gomes” durante muitos anos correspondente do “Expresso” em Maputo), a maior parte deles nos pós-independência vieram para Portugal e por aqui continuam, e ainda outros espalhados pelos diferentes cantos do mundo (Angola, Brasil, África do Sul, Estados Unidos, etc., etc.).
Mais uma vez, não posso deixar de realçar as incogruências da política educacional colonial portuguesa – ao entregar a essas ordens religiosas o ensino liceal, para todos os efeitos e nomedamente em termos de engargos funcionando como colégios particulares (ensino pago e, por vezes, bastante bem pago) – produzia naturalmente a selecção daqueles que a ele podiam aceder.
No fundo, da transição da escola primária para o liceu, fez com que neste só tivessem entrado os meus colegas da primária “brancos”, alguns de origem indiana (filhos dos mais prósperos comerciantes indianos da Vila, entre os quais naturalmente o meu grande amigo Jassu, hoje o Dr. Hirgee, distinto magistrado do M Público na Boa Hora, com quem partilhei um longo percurso estudantil, primário, liceal e universitário na Faculdade de Direito de Lisboa), mas tivessem ficado pelo caminho os “mestiços” que tinham sido meus companheiros na instrução primária.
Era um colégio misto, interno para o elemento feminino, externo para os rapazes, recordo aqui os da minha geração (Carlos Lages, Alexandre e Zé Violante, Carreiro, Garcia o “galinha”, Luis Gomes, Vitorino, Jassu, Kanti, Aguiar, Fielito, Viegas, Pedro Laje) que se segue à primeira (e, por isso a mais “famosa”) geração de alunos (Lacerda, Tony Almeida Matos, Renato Saavedra, Beto, Rui Barriga, Conde, Rui Basílio, o meu irmão Tomané o “vingança”, Fiel, Azambuja, Tomané, os dois últimos infelizmente já desaparecidos ) que independentemente das que se lhe seguiram até aos anos 70, são naturalmente as mais marcantes do Colégio, até porque a maior parte deles acabaram por fazer as suas vidas pessoais e profissionais em Vila Pery, de onde só saíram à data da independência.
Uns continuam em Moçambique (Rui Basílio, Tony Almeida Matos – este é um caso curioso, porque tendo vindo estudar para Portugal nos anos 60, sabia-se que tinha partido para o estrangeiro, e só com a independência e o seu regresso integrado na estrutura da FRELIMO, tendo mesmo chegado a exercer funções governamentais em executivos de Samora Machel, se constatou que a sua fuga estava já relacionada com a sua adesão à Frelimo, inteiramente desconhecida para todos nós, tanto mais que o facto era naturalmente e propositadamente “esquecido” pela sua família que continuou a viver em Vila Pery – o Gomes, o “Alves Gomes” durante muitos anos correspondente do “Expresso” em Maputo), a maior parte deles nos pós-independência vieram para Portugal e por aqui continuam, e ainda outros espalhados pelos diferentes cantos do mundo (Angola, Brasil, África do Sul, Estados Unidos, etc., etc.).
Comments:
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O meu nome è Miguel Ataíde (morei em Vila Pery de 63 a 74) estudei no Colégio e claro conheci toda essa gente.
Sou fila da professora Roby e do Ataide que trabalhava na Brigada.
Moro em Corroios. (tlelemovel 961933466)
Sou fila da professora Roby e do Ataide que trabalhava na Brigada.
Moro em Corroios. (tlelemovel 961933466)
Quem és tu Carlos Antunes?? Se entraste para o colégio em 60, então somos condiscípulos. Eu entrei em 1961 com 10 anos... e saí em 1968.
Gostei do desfilar de nomes de meninos da nossa Vila : )) Conheci-os todos e mais alguns que não mencionas.
Parabéns por este blog.
Um abraço
MJoão Couceiro
Gostei do desfilar de nomes de meninos da nossa Vila : )) Conheci-os todos e mais alguns que não mencionas.
Parabéns por este blog.
Um abraço
MJoão Couceiro
Hi Carlos. Aquela viagem aventurosa de bicicleta V.Pery-Vila Manica - Machipanda e de facto eram leões.
Grande Blog
Abração
Sérgio Cruz
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Sérgio Cruz
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