Monday, May 23, 2005

HISTÓRIA CAHORA BASSA ( 14 )

Hidroeléctrica Cahora Bassa ( III )
Terminada a reabilitação das linhas de transporte de energia, a HCB reiniciou em 1998 o fornecimento comercial à ESKOM recomeçando finalmente a cumprir a missão para que foi concebida, volvidas quase duas décadas após a suspensão do fornecimento de energia para a África do Sul.
Contudo, o fornecimento à África do Sul tem-se reve­lado atribulado pois as condições geopolíticas locais alte­raram-se substancialmente, pois a ESKOM que contratualmente foi considerado o cliente por excelência da energia produzida em Cahora Bassa, tornou-se exce­dentária em termos energéticos, tanto pela construção de diversas centrais termoeléctricas, como por um desenvol­vimento económico da África do Sul bastante inferior ao esperado e, ainda da revisão tarifária que sendo fundamental para a total viabili­zação do empreendimento, só viria a ser acertada em 2004 com a celebração de um novo acordo tarifário com África do Sul.
Por outro lado, com vista a minorar os danos económicos provocados pelos referidos factos, a HCB negociou com a ESKOM a cedência de parte da energia que lhe estava contratualmente atribuída, indo ao encontro da vontade de um novo cliente, o Zimbabwe, tendo sido necessário para que este fornecimento se tomasse uma realidade construir uma nova linha de transporte, em corrente alterna, com cerca de 250 km de extensão.
O acordo obtido com a ESKOM e o início do fornecimento de energia à ZESA, em Dezembro de 1997, marcaram uma nova etapa na vida da HCB, na medida em que a partir desta situação, outros mercados consumidores se poderão abrir à energia produzida em Cahora Bassa, permitindo minorar a forte dependência que a empresa ainda detém em relação às necessidades energéticas da África do Sul e encarar com maior optimismo a rentabilização crescente do empreendimento, o que seria, sem dúvida, um impor­tante passo para o reforço da posição da empresa, e conse­quentemente do empreendimento na região, contribuindo para o desenvolvimento do país onde se insere.
A partir de 1999, o empreendimento encontra-se em pleno funcionamento, fornecendo energia a três consumidores: a ESKOM, a ZESA e a EDM que a distribuíam aos respectivos países, à República da África do Sul, ao Zimbabwe e a Moçambique, e cujas potências contratuais se situam aproximadamente, em 750 MW para a primeira, 400/500 MW para a segunda e cerca de 200 MW para a terceira.
Um olhar atento pela realidade económica de Moçambique, realça a grande importância da barragem de Cahora Bassa, como factor de desenvolvimento da região centro-norte do país, a todos os níveis, o que lhe confere um grau de exigência cada vez maior no prosse­guimento desse objectivo, sonhando-se agora com o seu desenvolvimento, nome­adamente através da concretização desta segunda fase do empreendimento, com a construção na margem norte de uma nova Central detentora de uma potência instalada de cerca de 60% da instalada na (actual) Central Sul, que possibilitaria uma produção de energia permanente da ordem dos 20.500 GWh, com uma garantia de fornecimento de 95%, e cujas características seriam em tudo análogas às da Central Sul, acrescendo várias vanta­gens como um melhor aproveitamento dos recursos hídricos ou a maior rotatividade dos grupos geradores durante as manutenções periódicas.
Por outro lado, o acréscimo do caudal efluente, resultante da turbinagem de um maior número de geradores em funcionamento, permitiria ainda a exploração doutros aproveitamentos hidroeléctricos a jusante, designadamente os de M'Panda Unkua, de Boroma e de Lupata, que os estudos da Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze já indiciavam e cujas potências a instalar estarão sempre dependentes do caudal de saída de Cahora Bassa, mas cuja energia gerada neste imenso complexo hidroeléctrico poderia ser encaminhada para todos os países da África Austral, contribuindo para um desenvolvimento de toda a região, tornando-se finalmente o "motor de arranque" do crescimento de toda a região e, consequentemente, do grande país que poderá vir a ser Moçambique.

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