Monday, March 21, 2005

ZIMBABWE – AS “LOUCURAS” DE MUGABE TRANSFORMARAM EM MENOS DE 3 ANOS O“CELEIRO DE ÁFRICA” NUM DOS PAÍSES MAIS MISERÁVEIS DO CONTINENTE AFRICANO

Como o “politicamente correcto” parece ser o de considerar que todos os males de África se devem ao “colonialismo”, aqui vão alguns excertos do actual Zimbabwe – considerado até bem pouco tempo um país modelo em África e que está neste momento mergulhado num caos político, social e económico, tudo por causa das “loucuras” perpretadas pelo didator Mugabe com o único intuito de se perpetuar no poder (por circunstâncias da minha vida pessoal e profissional conheço extremamente bem a realidade deste país, desde o período colonial inglês, à Rodésia de Ian Smith e ao Zimbabwe de Mugabe) – provando que muito do que se passa actualmente em África se deve não ao “colonialismo”, mas à corrupção das novas élites no poder pós-independência.
Na agricultura, das infraestruturas herdadas do regime branco de Ian Smith, como as culturas do tabaco, da carne, do algodão, do milho e as outras riquezas, de um país que há 20 anos era auto-suficiente em termos alimentares e considerado o “celeiro africano”, a reforma agrária de Mugabe (dos 4000 «farmers brancos», só restam 600 tendo mudado de mãos 10 milhões de hectares de terras), teve como consequência que 2 milhões de trabalhadores agrícolas negros perderam o emprego, 12 milhões de pessoas (80% da população do país) estão a morrer de fome (no actual Zimbabwe são milhares os que abandonam as suas casas em busca de comida e essa comida podem ser “raízes”, “frutos selvagens” ou algo que nem sequer imaginamos !) e onde a população sobrebive agora dos produtos alimentares provenientes das ajudas internacionais, controlados pelo Governo e negados a quem não apresente um cartão de membro da ZANU-PF, o partido de Mugabe.
A situação económica geral regista uma deterioração vertiginosa, em consequência do abandono das terras outrora cultivadas pelos agricultores zimbabweanos de ascendência branca, expulsos por Mugabe das suas fazendas, com as exportações a caírem a pique privando o Estado de receitas, os preços e a inflação a dispararem (a inflação é superior a 486% e a taxa de desemprego é de 70%) a progressiva degradação dos serviços públicos, como por exemplo, o do ensino, outrora o melhor de África com uma taxa de escolarização de 90%, ou da saúde considerado um exemplo em África, pelas excelentes infra-estruturas sanitárias criadas após a independência da Grã-Bretanha pelo regime de Ian Smith, possuíndo à data da independência em 1980 um dos melhores sistemas de saúde e das mais altas taxas de imunização do continente e uma esperança média de vida de 63 anos (uma das mais altas da região subsaariana), e que regista hoje uma esperança média de vida de apenas 33 anos e é considerado como uma iminente ameaça de contágio de doenças na região da África Austral em consequência degradação das estruturas médicas e de saúde.
A despeito das sanções que lhe foram impostas pela UE, Grã-Bretanha e Estados Unidos, Mugabe resiste com o apoio dos países africanos, em particular da SADCC (África do Sul e Moçambique, que mais não têm feito senão a «legitimação de Mugabe») e para quem conta apenas a sua sobrevivência política, pouco se importando com a “pobreza” e “miséria” em que se encontra a maioria da população do país, tudo isto efectuado na base de um pretenso “nacionalismo africano” profundamente “racista” e “odioso”.
Há três anos havia um disco à venda clandestinamente no Zimbabwe intitulado “levem-no daqui”, cujo apelo se dirigia naturalmente aos cidadãos zimbabweanos e alvo era naturalmente Mugabe. Porém, a canção foi insuficiente para conter a ambição do didator, que se fez reeleger através do recrudescimento da repressão política, da violência contra o Movimento de Oposição (MDC) e o seu líder, o antigo sindicalista Morgan Tsvangirai, e da fraude generalizada nas eleições de 2000, que naturalmente irá repetir uma vez mais nas eleições previstas para 31 de Março próximo, em que o MDC irá participar apenas com a meta de tentar impedir a maioria de 2/3 que permitiriam a Mugabe alterar a Constituição a seu belo prazer e nomear o seu sucessor, e em que a maioria do povo zimbabweano se sente demasiado ocupado a procurar comida para se interessar por política e eleições.
Alguém conseguirá travar Mugabe, antes que o caos total do Zimbabwe suceda?

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