Saturday, March 12, 2005

SIDA EM ÁFRICA

Três notícias recolhidas ao acaso, mas suficientemente demonstrativas do flagelo da SIDA em África:

“Número de infectados com vírus da sida em África pode chegar a 90 milhões em 2025
PÚBLICO, 5/MARÇO/2005
A Organização das Nações Unidas calcula que, dentro de apenas vinte anos, possa haver em África perto de 90 milhões de pessoas infectadas com o vírus da sida (cerca de 10 por cento da população do continente), o que significa mais 65 milhões do que os casos que existem actualmente.
Um estudo da Onusida intitulado A Sida em África: Três cenários para o horizonte 2025, que envolveu durante dois anos 150 especialistas, diz que, se não houver vontade política para implementar medidas de prevenção e financiar generosamente a distribuição de medicamentos antiretrovirais, será esta a realidade com que o mundo vai confrontar-se dentro de duas décadas.
O empenhamento dos governos numa campanha de prevenção e combate ao HIV/sida e um investimento superior a 200 mil milhões de euros para conter a propagação da doença são, por isso, recomendados. Só assim, dizem os especialista, será possível salvar a vida de 16 milhões de pessoas e evitar que outros 43 milhões sejam infectados.
"Milhões de novas infecções podem ser evitadas se a África e o resto do mundo decidirem encarar a sida como uma crise excepcional que pode devastar sociedades e economias inteiras", declarou Peter Piot, director executivo da Onusida, na apresentação do relatório à imprensa.
Na África subsariana, cerca de 25 milhões de pessoas estão actualmente infectadas com HIV/sida - 70 por cento do número total de doentes no mundo. O vírus afecta cinco por cento da população adulta e já deixou órfãs cerca de 11 milhões de crianças.”


“Malária e Sida fazem 20 óbitos por dia no Hospital Central da Beira
2005/03/07imensis.co.mz
A malária e a Sida continuam a ser as principais causas de mortalidade no Hospital Central da Beira, em Sofala.
As autoridades reportam uma média de vinte óbitos por dia causados por aquelas doenças.
Segundo Josefo Ferro, o director do Hospital a problemática do HIV/SIDA tem vindo a agravar-se nos últimos tempos no HCB começa a ressentir-se da situação não só para os casos atendidos no chamado Hospital-Dia, como também para aqueles em que a doença se apresenta numa fase avançada, obrigando ao internamento do paciente, resultando na superlotação das enfermarias.Ainda de acordo com Ferro, relativamente ao HIV há uma forte tendência de os óbitos aumentarem dia após dia, devido às elevadas taxas de prevalência da doença, havendo sinais de que a situação pode vir a assumir contornos ainda mais preocupantes devido à reconhecida fraca capacidade de internamento do hospital e de conservação dos corpos na morgue.Relativamente aos atrasos à primeira consulta na especialidade de medicina interna, a fonte referiu que as consultas externas naquele hospital são realizadas no âmbito das suas atribuições.”


“Na Costa do Marfim, morre de SIDA um professor por cada dia do ano lectivo.
PRAVDA.Ru on line”

Perante este quadro verdadeiramente desolador, é possivel ver dirigentes africanos como a Ministra da Saúde da África do Sul, Manto Tchabalala-Msimang, dizer que uma dieta de alho, azeite e sumo de limão ajuda a combater os efeitos da sida, que se zangou com os jornalistas que puseram a afirmação em dúvida. Já o ano passado o fizera e, infelizmente, o Presidente Thabo Mbeki concorda com ela.
Ou fazer passar a crença de que violar uma virgem (e quanto quanto mais jovem a virgem, mais forte a protecção, não se querendo com isto dizer moças de quinze anos nem de cinco, mas se possível, bebés recém-nascidas) garante protecção contra SIDA, que não é fantasia nem só uma história nas páginas dum jornal, mas uma realidade na A do Sul e em muitos outros países da região subsariana de África.
A tragédia que é a recusa em combater a sida por métodos científicos arrasta a África do Sul para males comparáveis aos causados pelo apartheid.
Não se pode, por isso, deixar uma vez mais de elogiar a grandeza de Mandela que se permitiu recentemente (6.01.2005) anunciar que o seu filho mais velho morreu de complicações associadas ao VIH/SIDA. Rodeado de familiares, numa conferência de imprensa em sua casa, o ex-presidente da África do Sul explicou por que razão fez questão de divulgar a causa da morte do filho Makgatho, que tinha 54 anos: "É necessário publicitar o VIH/SIDA e não escondê-lo, porque a única forma de fazer com que seja visto como outras doenças como a tuberculose e o cancro é vir a público sempre que alguém morre devido ao VIH/SIDA. Talvez assim as pessoas deixem de olhar para a doença como algo de extraordinário" aproveitando para pedir redobrados esforços na luta contra o VIH/SIDA, desafiando os tabus que rodeiam a doença em África.
Nelson Mandela (porventura, o único grande líder africano depois de Nkruma e Senghor) com a mesma inteligência, a coragem, a humildade, que lhe permitiram seguir no pós apartheid o rumo da concórdia e da paz na África do Sul que evitaram o banho de sangue que muitos temiam, teve agora novamente a coragem de declarar qual a razão pela morte do seu filho: SIDA, culminando uma campanha por si organizada para uma nova abordagem a essa doença na África, em que as palavras “abertura” e “honestidade” são os constantes apelos da sua acção política e agora cívica em prole da sociedade sul africana.
Se todos os líderes africanos tivessem a dimensão e a grandeza de MANDELA, a África estaria realmente melhor, mas infelizmente não é isso que sucede !



Comments: Post a Comment

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?