Sunday, February 06, 2005
VILA PERY - HISTÓRIA ( 2 )
VILA PERY no período de governação da Companhia de Moçambique
Durante o período de governação da Companhia de Moçambique - concessão dada pelo Governo português, por um período de 50 anos (1892-1942) do governo de todo o território de Manica e Sofala - num primeiro período, Mandigos (Vila Pery) perde em importância para Manica (Nova Macequece, presumivelmente não muito longe de Massequesse, a ancestral localidade já referenciada na história pré-colonial de Moçambique).
A construção da linha férrea para a Rodésia – de via reduzida (0,607m), logo a seguir, modificada para a bitola normal de África - 1,067m – iniciou-se em 1893, e em fins de 1896, a linha atingiu Nova Macequece (Manica), na fronteira com a Rodésia, o que deu origem a um acentuado declínio de Vila Barreto, sendo Mandigos (Vila Pery) ainda uma povoação sem importância, ao contrário de Manica que viveu então um rápido surto de crescimento e progresso, para o que também contribuiu a descoberta de ouro, circunstâncias que deram como consequência a criação da circunscrição de Manica (de que Pery de Lind foi chefe), ao mesmo tempo que a circunscrição de Chimoio baixava a sub-circunscrição.
Contudo, foi ainda no consulado de João Pery de Lind, como governador do território, por parte da Companhia de Moçambique, que o topónimo de Mandingos foi mudado para VILA PERY, em homenagem àquele e “por desejo manifestado pela população, especialmente pelos agricultores do Chimoio” como atrás referenciamos.
João Pery de Lind, como dissemos já, teve a honra de em vida ver o seu nome ligado a uma importante terra, que foi a paixão da sua vida. Privilégio de que poucas pessoas se podem orgulhar, mas honra merecida, segundo todos os seus biógrafos, pelo muito que fez pelo desenvolvimento, especialmente agrícola, da região do Chimoio, durante os onze anos do seu governo.
Generais, almirantes, outras altas patentes do Exército e Armada, conselheiros, professores, nobres, enfim, personalidades ilustres bem conhecidas, algumas famosas pelos seus feitos militares, como os generais Alves Roçadas, Joaquim José Machado, Massano de Amorim, o Almirante Magalhães Correia ou o Capitão-Tenente Corrêa da Silva (Conde de Paço d’Arcos), governaram a Companhia de Moçambique durante os 50 anos da sua existência.
Mas foi Pery de Lind, talvez por estar mais próximo do homem comum, os agricultores, que "exigiram" que o seu nome fosse atribuído àquela bela terra, foi ele, dizíamos que contribuiu decisivamente para que Vila Pery se tornasse uma grande cidade e a sua região se convertesse no importantíssimo centro agrícola de Moçambique.
João Pery de Lind, era filho do General Gerardo Augusto Pery de Lind e de Rita Pery de Lind, tendo nascido em Lisboa em 1 de Novembro de 1861 e morrido na mesma cidade a 10 de Abril de 1930. Foi educado no Colégio Militar, e era funcionário superior das Alfândegas de Portugal, quando em 1900 foi contratado pela Companhia de Moçambique para proceder à organização dos Serviços Aduaneiros do Território de Manica e Sofala. Dotado de uma lúcida inteligência e enorme capacidade de trabalho, depois de exercer diversos cargos foi nomeado Governador do Território, interino, em 16/11/1910, tornando-se governador efectivo em 16/11/1911 até 7 de Julho de 1921, sendo o seu mandato o mais longo da história daquela companhia magestática e, segundo cremos, o único governador saído dos quadros da Companhia.
Era detentor das mais altas condecorações, portuguesas e estrangeiras, e notável a obra deste grande administrador colonial, especialmente no sector agrícola do planalto do Chimoio e do desenvolvimento de Vila Pery como centro aglutinador da região. E não podemos esquecer que, com extraordinária visão do futuro, determinou, pela Ordem n.º 4178, de 2/3/1921, a criação de uma reserva de caça, que pela sua potencialidade, viria a tornar-se no mundialmente famoso Parque Nacional da Gorongosa, notável pela sua riqueza e variedade faunística e beleza natural, decisão tanto mais importante por ter sido tomada naquela recuada época, em que as questões da protecção da “Natureza” eram ainda letra morta.
Para constatarmos a importância da acção do governador Pery de Lind no desenvolvimento de Vila Pery, nada melhor que recuarmos ao início da década de 90 do séc. XX, onde o "GUIDE TO THE MOZAMBIQUE CO. "TERRITORY", datado de 1902, relatava que «Mandigos (futura Vila Pery) era a sede da circunscrição de Chimoio e tinha bom clima, facto bem conhecido por todos que por lá passaram; comércio: um hotel, cantinas e algumas lojas de Baneanes (indianos); população: 32 europeus, dos quais 10 portugueses e 16 ingleses (o que é sintomático da predominância britânica na zona), 25 asiáticos e 6364 negros», revelador da ainda reduzida importância na região.
Em 1921, no termo do mandato de João Pery de Lind como governador do território administrado pela Companhia de Moçambique, a importância da Vila é bem maior, sendo já o mais importante centro populacional e comercial do território de Manica e Sofala, logo a seguir à cidade da Beira – como simples exemplo, mas nem por isso menos atestador do progresso económico registado, registam-se alguns dados estatísticos referentes aos correios: em 1906 a estação postal de Mandigos vendeu 2659 selos de várias taxas; em 1948, a estação de Vila Pery expediu 67261 peças de correspondência ordinária e recebeu 67463, tendo recebido e expedido ainda 25201 correspondências registadas, ordinárias e por via aérea, no mesmo ano.
Durante o período de governação da Companhia de Moçambique - concessão dada pelo Governo português, por um período de 50 anos (1892-1942) do governo de todo o território de Manica e Sofala - num primeiro período, Mandigos (Vila Pery) perde em importância para Manica (Nova Macequece, presumivelmente não muito longe de Massequesse, a ancestral localidade já referenciada na história pré-colonial de Moçambique).
A construção da linha férrea para a Rodésia – de via reduzida (0,607m), logo a seguir, modificada para a bitola normal de África - 1,067m – iniciou-se em 1893, e em fins de 1896, a linha atingiu Nova Macequece (Manica), na fronteira com a Rodésia, o que deu origem a um acentuado declínio de Vila Barreto, sendo Mandigos (Vila Pery) ainda uma povoação sem importância, ao contrário de Manica que viveu então um rápido surto de crescimento e progresso, para o que também contribuiu a descoberta de ouro, circunstâncias que deram como consequência a criação da circunscrição de Manica (de que Pery de Lind foi chefe), ao mesmo tempo que a circunscrição de Chimoio baixava a sub-circunscrição.
Contudo, foi ainda no consulado de João Pery de Lind, como governador do território, por parte da Companhia de Moçambique, que o topónimo de Mandingos foi mudado para VILA PERY, em homenagem àquele e “por desejo manifestado pela população, especialmente pelos agricultores do Chimoio” como atrás referenciamos.
João Pery de Lind, como dissemos já, teve a honra de em vida ver o seu nome ligado a uma importante terra, que foi a paixão da sua vida. Privilégio de que poucas pessoas se podem orgulhar, mas honra merecida, segundo todos os seus biógrafos, pelo muito que fez pelo desenvolvimento, especialmente agrícola, da região do Chimoio, durante os onze anos do seu governo.
Generais, almirantes, outras altas patentes do Exército e Armada, conselheiros, professores, nobres, enfim, personalidades ilustres bem conhecidas, algumas famosas pelos seus feitos militares, como os generais Alves Roçadas, Joaquim José Machado, Massano de Amorim, o Almirante Magalhães Correia ou o Capitão-Tenente Corrêa da Silva (Conde de Paço d’Arcos), governaram a Companhia de Moçambique durante os 50 anos da sua existência.
Mas foi Pery de Lind, talvez por estar mais próximo do homem comum, os agricultores, que "exigiram" que o seu nome fosse atribuído àquela bela terra, foi ele, dizíamos que contribuiu decisivamente para que Vila Pery se tornasse uma grande cidade e a sua região se convertesse no importantíssimo centro agrícola de Moçambique.
João Pery de Lind, era filho do General Gerardo Augusto Pery de Lind e de Rita Pery de Lind, tendo nascido em Lisboa em 1 de Novembro de 1861 e morrido na mesma cidade a 10 de Abril de 1930. Foi educado no Colégio Militar, e era funcionário superior das Alfândegas de Portugal, quando em 1900 foi contratado pela Companhia de Moçambique para proceder à organização dos Serviços Aduaneiros do Território de Manica e Sofala. Dotado de uma lúcida inteligência e enorme capacidade de trabalho, depois de exercer diversos cargos foi nomeado Governador do Território, interino, em 16/11/1910, tornando-se governador efectivo em 16/11/1911 até 7 de Julho de 1921, sendo o seu mandato o mais longo da história daquela companhia magestática e, segundo cremos, o único governador saído dos quadros da Companhia.
Era detentor das mais altas condecorações, portuguesas e estrangeiras, e notável a obra deste grande administrador colonial, especialmente no sector agrícola do planalto do Chimoio e do desenvolvimento de Vila Pery como centro aglutinador da região. E não podemos esquecer que, com extraordinária visão do futuro, determinou, pela Ordem n.º 4178, de 2/3/1921, a criação de uma reserva de caça, que pela sua potencialidade, viria a tornar-se no mundialmente famoso Parque Nacional da Gorongosa, notável pela sua riqueza e variedade faunística e beleza natural, decisão tanto mais importante por ter sido tomada naquela recuada época, em que as questões da protecção da “Natureza” eram ainda letra morta.
Para constatarmos a importância da acção do governador Pery de Lind no desenvolvimento de Vila Pery, nada melhor que recuarmos ao início da década de 90 do séc. XX, onde o "GUIDE TO THE MOZAMBIQUE CO. "TERRITORY", datado de 1902, relatava que «Mandigos (futura Vila Pery) era a sede da circunscrição de Chimoio e tinha bom clima, facto bem conhecido por todos que por lá passaram; comércio: um hotel, cantinas e algumas lojas de Baneanes (indianos); população: 32 europeus, dos quais 10 portugueses e 16 ingleses (o que é sintomático da predominância britânica na zona), 25 asiáticos e 6364 negros», revelador da ainda reduzida importância na região.
Em 1921, no termo do mandato de João Pery de Lind como governador do território administrado pela Companhia de Moçambique, a importância da Vila é bem maior, sendo já o mais importante centro populacional e comercial do território de Manica e Sofala, logo a seguir à cidade da Beira – como simples exemplo, mas nem por isso menos atestador do progresso económico registado, registam-se alguns dados estatísticos referentes aos correios: em 1906 a estação postal de Mandigos vendeu 2659 selos de várias taxas; em 1948, a estação de Vila Pery expediu 67261 peças de correspondência ordinária e recebeu 67463, tendo recebido e expedido ainda 25201 correspondências registadas, ordinárias e por via aérea, no mesmo ano.
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João Pery de Lind,was my Great-Grandfather (my mother Grandfather), and I am looking for is Biography. Family names etc ...
If anyone do have something about him please do send me by email,
isa.ribeiro2008@gmail.com
I appreciated
Thank you
Isabel Pery de Lind Bettencourt Ribeiro
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isa.ribeiro2008@gmail.com
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Isabel Pery de Lind Bettencourt Ribeiro
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